quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Pessoas que não conheço, lugares que nunca vi.

Parte1: A boca.
Ela tinha os lábios carnudos. E desde que ela embarcou no ônibus, ele não conseguiu para de olhar para ela, em momento algum.
Não que Ernesto fosse um tarado, nada disso. O fato é que aquela garota realmente havia mexido com ele.
Ele precisava despertar a atenção dela de alguma forma, de preferência sutilmente.
Pensou em oferecer seu lugar para ela sentar, mas seria explícito demais, e arriscado, vai que uma daquelas tias incovenientes a sua volta se apoderassem do assento?

De repente o telefone dela toca. Será que era seu namorado? Ou namorada? Preferiu imaginar que era sua avó adoentada que morava em algum lugar do interior, e assim ficou um pouco mais tranqüilo.
Ernesto limita-se apenas a observar os movimentos insinuantes daqueles lábios, afinal era a boca mais linda que ele havia visto em toda sua vida.
- “Porra Ernesto, tu não vai fazer nada?”- ele se perguntava, sem obter resposta.
Queria sim estabelecer contato, mas o que fez foi disfarçar o relevo atenuado que se formava em suas calças.
O que ele menos queria era que ela pensasse que ele fosse um maníaco desses que fica se esfregando nas garotas dentro dos coletivos.
Resolveu então que tomaria sim uma atitude. Com sua ereção involuntária já controlada, levantou-se e caminhou em direção a ela.
Puxou a campainha e desceu na parada do Bourbon.
Afinal estava sem coragem de tomar uma atitude.

E amanhã talvez ele tivesse alguma idéia decente para abordá-la.